A Sanepar não vai mais investir na captação de água da Serra do Mar para abastecer Curitiba e região metropolitana. A companhia informou que “não existe nenhum projeto para efetivar a captação no reservatório do Carvalho”. Localizado no município de Piraquara, no início da Serra do Mar, em pleno Parque Estadual Pico do Marumbi, o reservatório vem sendo utilizado desde agosto de 2020, de forma emergencial, por conta da crise hídrica.
“O reservatório é do início do século passado, com o uso de 15 litros de água por segundo. Esse volume contribui no contexto de crise hídrica, em que cada gota é importante. Mas para o sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Curitiba é um volume pouco representativo diante da demanda”, esclarece a companhia.
A Sanepar compara com a transposição do rio Capivari para o Sistema Iraí, que entrou em operação em setembro último, acrescentando 700 litros por segundo ao Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (SAIC).
Construído no século 19 e inaugurado em 1908, o reservatório do Carvalho foi o primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba. Como na época não existiam motores elétricos disponíveis, a água era levada por gravidade para a capital.
O reservatório funcionou até a década de 1940 e, atualmente, é administrado de forma conjunta pela prefeitura de Piraquara, o Instituto Água e Terra (IAT) e a Sanepar. É aberto à visitação pública para a divulgação das suas construções históricas (as barragens e seus encanamentos e sistemas), do Santuário de São Francisco e das trilhas existentes no local (trilhas do Salto, da Estrada do Carvalho e da Chaminé).
Para o professor do departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Cristóvão Vicente Scapulatempo Fernandes, a estratégia da Sanepar está correta. “Na situação emergencial, pode-se fazer este esforço de trazer água de lá (reservatório do Carvalho), mas o custo disso seria muito alto e o volume não compensaria”, argumenta.
Segundo o professor, o que é preciso fazer para garantir o abastecimento é, essencialmente, preservar os mananciais e não deixar as áreas serem comprometidas com ocupações irregulares. Além disso, ele diz que é importante a conscientização da população para a diminuição do consumo. “Nesse ponto, o sistema de rodízio foi importante porque forçou todos a economizarem”, diz. Fernandes observa, no entanto, que, em situações de rodízio, é a população que vive nas periferias das cidades quem mais sofre com a falta de água.
Outro professor da UFPR, Eduardo Vedor de Paula, do departamento de Geografia, observa que os principais reservatórios que abastecem Curitiba e região têm suas nascentes na Serra do Mar. “Mas quando se faz a captação mais próximo de Curitiba se consegue um volume maior de água, como está sendo feito pela Sanepar, o que é uma boa estratégia”, afirma. Vedor também concorda que “captar no reservatório do Carvalho renderia um volume muito pequeno e seria uma operação de alto custo”.
(notícia extraída do portal bemparana.com.br)
