Depois de dois anos sem a maior festa popular brasileira, por causa da covid-19, aproximadamente 18 mil pessoas compareceram à Rua Marechal Deodoro na noite deste sábado (18/2) para assistir aos desfiles dos blocos e escolas de samba de Curitiba. Nem mesmo o frio e a garoa forte que insistiu em cair durante grande parte da noite assustaram as famílias que brincaram o carnaval até a passagem da última escola, que finalizou o desfile às 2h15.
O prefeito Rafael Greca assistiu ao Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial acompanhado da presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Ana Cristina Castro, e da secretária de Estado da Cultural, Luciana Casagrande Pereira, além de parte de sua equipe de secretários.
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Com um chapéu decorado para a festa e muito animado, o prefeito entrou na avenida durante o desfile das escolas de samba do grupo especial para beijar as bandeiras de todas as escolas, reverenciar integrantes, principalmente os da velha guarda, dançar com passistas e até caminhar entre baterias.
Greca brincou também com o cortejo real formado pelo Rei Momo Gustavo Henrique Ferreira Teixeira, a Rainha Paula Carolina Mello Galvão e as princesas Luciana Regina Jacinto e Eduarda Beatriz da Rocha Silva. Logo depois deles, vieram os Bonecos Gigantes que representam sete personagens icônicos do carnaval brasileiro, entre eles Carmem Miranda e o Pierrô.
“Nós estamos aqui na avenida, somos abençoados, pois somos sobreviventes da pandemia, somos vacinados, os vencedores. Nós estamos vivos”, disse o prefeito, logo no início da festa.
Durante boa parte da noite, uma chuva insistente caiu aumentando ainda mais o frio, mas mesmo assim as pessoas não deixaram as arquibancadas e a rua de onde assistiam aos desfiles. “Quem está na chuva é para se molhar. Nem a chuva espantou os curitibanos da alegria da Marechal”, disse o prefeito.
Blocos e homenagem
O desfile deste sábado começou com os blocos carnavalescos Afoxé, Púrpura, Boêmios e Madames e Rancho das Flores, este último formado por pessoas idosas atendidas pela Fundação de Ação Social (FAS) que levaram muita animação e energia para o público cantando a marchinha “Trocando as máscaras: adeus pandemia, agora é só alegria”.
O Rancho das Flores contou com 300 integrantes, entre eles Asveros Krzyzanovski, 68 anos, e a espoa, Inês Krzyzanovski, 71 anos, que carregaram o estandarte do bloco. Está foi a primeira vez que eles participaram de um desfile de rua e estavam ansiosos e apreensivos com a missão que receberam.
Lucinéia Roberta de Andrade, 37 anos, chegou à tarde na avenida para brincar o Carnaval com as sobrinhas, Mariana de 3 anos, e Rafaeli, 15, e depois assistir aos desfiles. Foi a estreia das meninas na carnaval de rua de Curitiba e elas adoraram tudo o que viram.
“Está tudo bem bonito, gostei muito do desfile do Bloco Afoxé que fez uma homenagem para os seus integrantes que morreram durante a pandemia de covid, soltando balões brancos”, contou.
Lucinéia elogiou a organização do evento e também a oportunidade de os foliões poderem fazer maquiagens de graça na avenida.
Samba no pé
Perto das 21h foi dada a largada para a primeira escola de samba do Grupo Especial – Os Internautas, que fez o público cantar junto o samba enredo Rei Menino Negro Sonhador, que homenageia os jovens que vivem nas favelas e almejam um futuro melhor.
A escola levou para a avenida inclusive crianças em sua bateria que animou quem assistiu ao desfile.
Deusa Oxum
A Imperatriz da Liberdade foi a segunda a desfilar, fazendo uma homenagem às mulheres por meio da deusa Oxum, filha de Oxalá, símbolo de resistência, força e ancestralidade das religiões de matriz africana. O dourado predominou entre as cores nas fantasias, adereços e alegorias, representando, segundo o diretor da escola Mattheus Boeck, a fertilidade e a vida.
Durante o desfile da Imperatriz, o prefeito dançou com passistas e seguiu junto com a bateria. Antes ele recebeu uma guia de Oxalá de uma das integrantes da escola e fez questão de colocá-la no pescoço.
Em seguida, foi a vez da Acadêmicos da Realeza entrar na Marechal. Com muito dourado e um carro-alegórico em forma de uma águia preta, a escola celebrou os seus 25 anos de samba, com o enredo A Minha História é o Meu Carnaval, apresentado por mais de 500 integrantes.
Conforme prometido, a escola chegou com um carnaval alegre, colorido e com um samba-enredo que contagiou o público.
Elementos reluzentes
Vice-campeã do último desfile antes da pandemia, em 2020, a Mocidade Azul brilhou na avenida, conforme destaca o seu enredo “Em busca do brilho… do brilho do seu olhar ao ver a Mocidade passar”.
A escola mostrou o fascínio dos homens pelos elementos reluzentes, desde os tempos pré-históricos até a modernidade – o fogo, as pedras preciosas, o ouro, as estrelas, e agora, na contemporaneidade, o brilho da ciência e da tecnologia, representado pela vacina e pelos aparelhos celulares.
Igor Benevites, 22 anos, já desfilou pela Mocidade e outras duas escolas, mas este ano preferiu apenas assistir. Ele foi à avenida acompanhado da mulher, Marluce Francisca de Oliveira, 34 anos, e um casal de amigos. “A estrutura do carnaval de Curitiba é muito boa, tem bastante segurança também”, disse o rapaz que mora no Rebouças e é professor de educação infantil e estudante de Pedagogia.
Última escola
A última escola a entrar na avenida foi a Enamorados do Samba, campeã de 2020. A escola fechou o desfile das escolas do Grupo Especial, apresentando a magia do circo e empolgou quem assistia ao desfile pela beleza e qualidade de suas fantasias e carros-alegóricos.
A escola se inspirou no famoso musical O Grande Circo Místico criado para o Balé Teatro Guaíra há 40 anos. As alas representaram os personagens circenses tradicionais – pierrôs e colombinas, malabaristas, acrobatas, trapezistas, pernas de pau e também animais de circo, como um grande elefante. Mas no caso dos animais, a mensagem que a escola passou foi de que eles não devem ser aprisionados nem explorados nos espetáculos.
Entre os integrantes da escola Enamorados estavam o colombiano Anderson Zuluvaga, 36 anos, e o chileno Leandro Sanchez, 28 anos, que estão há mais de seis meses viajando, atravessando fronteiras, usando patins como como meio de transporte. Antes de chegarem ao Brasil, eles passaram pelo Equador, Peru, Chile, Argentina e Uruguai.
Silvia de Castro, 66 anos, assistiu aos desfiles de todas as escolas, mas ela aguardou ansiosa pela Enamorados. O motivo de tanto amor pela escola é que sua filha, Silviane, 39 anos, é a 2ª porta-bandeiras da escola, pelo segundo ano consecutivo. “A escola vem linda e eu quero é que ela ganhe hoje e seja bicampeã”, disse ela empolgada, ao lado de familiares.
Presenças
Além de Ana Castro e Luciana Casagrande, o prefeito assistiu ao desfile junto dos secretários municipais da Educação, Maria Silvia Bacila, de Planejamento, Finanças e Orçamento, Cristiano Hotz, da presidente da FAS, Maria Alice Erthal, do controlador geral, Daniel Falcão Conde Ribeiro, e da assessora de Promoção e Igualdade Racial, Marli Teixeira Leite.
Estiveram presentes também os vereadores Serginho do Posto, Herivelto Oliveira, Tico Kuzma Rodrigo Reis e Bruno Pessutti, além dos administradores regionais Marcelo Ferraz, do Regional Tatuquara, e Gerson Gunha, da Regional Portão.
Tem mais neste domingo
O Carnaval de Curitiba 2023 tem mais uma noite de desfile neste domingo, quando se apresentam as escolas do Grupo de Acesso: Deixa Falar, Unidos de Pinhais, Leões da Mocidade e Embaixadores da Alegria. Antes das escolas, a partir das 18h, entram na avenida os blocos Elas Clube, Unidos de Judá, EcoOrquestra, Pretinhosidade e Fogosa.
A apuração das notas dos desfiles será nesta segunda-feira (20), a partir das 15h, no Memorial de Curitiba, quando então será anunciada a escola campeã do Carnaval 2023.
Fonte: https://www.bemparana.com.br/curitiba/depois-de-dois-anos-18-mil-pessoas-lotam-a-marechal-para-assistir-aos-desfiles-de-carnaval/