No Paraná, quase metade dos lares são sustentados por mulheres.
Informativo
Publicado em 08/03/2023

Segundo dados do IBGE, em 2012 elas eram responsáveis por apenas 31% dos domicílios no estado, porcentual que saltou para 46% em 2021. No mesmo período, proporção de lares em que eles eram os chefes recuou de 69% para 54%.

 cada vez maior no Paraná o número de mulheres que são as chefes de suas famílias, enquanto o número de homens responsáveis pelos lares paranaenses vem caindo. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2012 e 2021 houve crescimento de 65,7% no número de famílias chefiadas por elas. No mesmo período, o número de domicílios em que alguém do sexo masculino era identificado como o responsável caiu 9,2%, resultando num cenário em que praticamente metade dos lares do estado têm uma mulher no comando.

As informações, extraídas da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), revelam que o Paraná somava 3,51 milhões de domicílios há 11 anos, número que em 2021 havia alcançado a marca de 4,01 milhões (crescimento de 14,3%). Em 2012, porém, os homens eram os responsáveis por 2,41 milhões de lares (68,6% do total) e as mulheres, por 1,1 milhão (31,4%). Nove anos depois, eles são os chefes em 2,18 milhões de lares (54,5% do total), enquanto elas chefiam 1,8 milhão de domicílios (45,5%).

Em Curitiba, o equilíbrio entre os gêneros é ainda maior. Em 2012, 373 mil dos 607 mil domicílios curitibanos (61,5% do total) eram chefiados por homens e apenas 234 mil (38,5%) tinham uma mulher como responsável. Em 2021, quando já haviam 712 mil domicílios na capital paranaense, já eram 362 mil lares (50,8% do total) chefiados por eles e 350 mil (49,2%), por elas.

Mãe, pai, dona do lar, trabalhadora… Tudo em uma só
Considerando-se as diferentes espécies de unidades domésticas, temos que as famílias nucleares são as mais comuns no Paraná, presentes em 72,8% dos domicílios. Essa categoria, contudo, engloba não só um único núcleo formado pelo casal, com ou sem filhos (inclusive adotivos e de criação) ou enteados, mas também as unidades domésticas monoparentais, compostas por mãe com filhos (ou pai com filhos). E nos últimos anos, houve um expressivo aumento no número de domicílios com um arranjo domiciliar nuclear em que a mulher era a responsável pelo lar, o que indica, também, um aumento no número de mulheres que cuidam sozinhas da família.

Em 2012, por exemplo, haviam 656 mil unidades domésticas desse tipo chefiadas por mulheres no estado, número que subiu para 1,26 milhão nove anos depois – uma alta de 92,5%.

Esse é o caso, por exemplo, de Danieli Cristine da Costa. Mãe de Adrian, de 13 anos, e Alice, de 5, ela cuida e sustenta sozinha os dois filhos, sem qualquer ajuda dos pais das crianças. Para dar conta de todos os afazeres, começa o dia logo cedo, quando prepara o café da manhã das crianças e os arruma para ir à escola. No começo da tarde entra no serviço — trabalha como gerente em uma loja de shopping — e segue no trabalho até o final do dia, chegando em casa entre 23 horas e meia-noite.

“Minha família ajuda a cuidar [das crianças], meu namorado também, que é quem busca as crianças na escola e deixa eles em casa, com a minha irmã. Eu me desdobro mesmo”, relata a mulher, que aproveita o Dia dos Namorados para fazer homenagens a outras mulheres guerreiras como ela. “O Dia da Mulher é muito importante. Eu sempre faço homenagens, dou presente pras mulheres guerreiras e batalhadoras que conheço, que sâo mulhgeres que criaram os filhos sozinhos. Mas o Dia das Mulheres é para todas as mulheres, que foram muito discriminadas até por conta do machismo, mas hoje estão muito empoderadas, muito fortes”, comenta.

A situação de Danieli, inclusive, é parecida com a de Mariana Wodzynski. Mãe da Valentina, de 9 anos, ela conta que vive sozinha com a filha e que conta com a ajuda de uma outra mulher, a sua irmã, que as vezes busca a menina na escola e fica com ela até a mãe voltar do trabalho, em um buffet de festa infantil. “A princípio, eu acho que podemos olhar [para os dados de mais mulheres como chefes dos lares] como uma conquista. A mulher foi atrás disso, dessa independência.

Não é à toa que temos um Dia Internacional para nós, é porque nós damos conta. A mulher, o feminino, parece que é um ser completo já, um ser independente. A mulher é foda, a gente dá conta”, afirma.

Uma vida, muitas jornadas
Outra mulher que é a responsável pelo lar e batalha muito para dar conta sozinha das despesas da casa, do cuidado dos filhos e dos afazeres domésticos é Beatriz Moreira Belz, mãe de Daniela, de 10 anos, e Caio, de 4. Por mês, ela recebe uma pequena ajuda financeira do pai de sua filha. O resto, conquista com o seu próprio suor, se desdobrando como depiladora, síndica de condomínio e administrando um Costelão no município onde vive, Quatro Barras.

“Quando eu me separei do pai do Caio, montei uma página no Instagram e Facebook (@DepilBelz) e comecei a divulgar a depilação em domicílio. Eu saía de Quatro Barras, ia atender no Xaxim, Boqueirão… No meio da pandemia, veio a oportunidade de trabalhar como síndica contratada. Fiquei na administração de um condomínio e, com a volta da normalidade, reduzi o atendimento a domicílio e montei meu espaço [para atender] em casa”, conta ela, que começou a focar seu atendimento no próprio município para poder passar mais tempo com os dois filhos.

Há cerca de um mês, ela começou a trabalhar também num Costelão que fica perto de sua casa, um trabalho que consegue manter por poder levar seus filhos para o trabalho, já que o local onde funciona o restaurante é também uma espécie de chácara e só recebe público nos finais de semana. “A gente está sempre junto. É exaustivo e aqui faz falta a escola em tempo integral. Felizmente eu posso trazer meus filhos comigo para o trabalho, mas se não pudesse ficar com eles [no restaurante, não poderia trabalhar ali”, comenta ela, ressaltando a importância da educação em período integral para as mães solo.

 

Dados
Número de mulheres morando sozinhas ou com algum parente também cresce

A PNAD Contínua também identifica outros arranjos domiciliares, indicando que o número de mulheres que moram sozinhas cresceu nos últimos anos. Em 2012, por exemplo, o número de lares unipessoais (compostas por apenas um morador) femininos teve crescimento de 23,4% no Paraná, passando de 209 domicílios para 258 mil em 2021.

Da mesma forma, o número de arranjos domiciliares estendidos (constituída pela pessoa responsável com pelo menos um parente, formando uma família que não se enquadre em um dos tipos descritos como nuclear) também avançou, registrando alta de 36,2%. Há onze anos, haviam 210 mil lares desse tipo chefiados por mulheres no Paraná, número que chegou a 286 mil dois anos atrás.

Já o número de domicílios compostos – aqueles constituídos pela pessoa responsável, com ou sem parente(s), e com pelo menos uma pessoa sem parentesco, podendo ser agregado(a), pensionista, convivente, empregado(a) doméstico(a) ou parente do empregado(a) doméstico(a) – em que a mulher era responsável pelo lar teve queda de 36%, passando de 25 mil para 16 mil no período analisado.

 

Fonte: https://www.bemparana.com.br/noticias/parana/no-parana-quase-metade-dos-lares-sao-sustentados-por-mulheres/

 

 

 

 

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